Vejo uma sereia a passear-se no mar
Vai ondulante, seca, insegura e lenta
Qual prostituta em desalentado silêncio nos túneis da
negrura.
Escondo-me na reticência impura do meu tempo
Mas não tenho como
disfarçar ao que assisto
E com um lenço de seda pura, insisto…
Em secar as lágrimas do seu sangue.
Ruborizada a sereia ao sentir-se observada
Diz-me em tom de voz sofrida e doce
“Eu também escuto os teus lamentos
Qual arcanjo em jejum por longos tempos,
Sempre que perdes o chão do teu céu sagrado
E te prostituis na
timidez dos teus versos Ateus
Esquecendo-te de ti e encarnando num Deus.
Num Deus que te abraça com flechas de fogo
E o coração hostilizado pelo abismo da tua memória”
E com um pedaço de céu bordado sobre mim fez história
Com nuvens espessas de paz e amor
Seca as lágrimas de todos os poetas porque eles não merecem
Sofrer tanta dor… Nem tão amarga inglória.
Sem comentários:
Enviar um comentário